segunda-feira, 16 de junho de 2008

A cultura como realidade

Meus caros, essa é uma discussão crucial para o debate do tema " cultura"


Tem muita gente que não ´acredita´ em cultura. Para quem pensa assim, há povos sem cultura, como haveria pessoas ´sem personalidade´. Um psicólogo diria que ser triste ou apagado não seria sinal de ausência, mas de presença e um certo tipo de personalidade. O mesmo ocorre com o conceito de cultura.

Todas as sociedades têm cultura, mas nem todas têm as mesmas artes e, sobretudo, a tecnologia capaz de destruir o ambiente, as outras sociedades ou o planeta.Por isso, poucas tomam seus hábitos de vida como o supra-sumo do refinamento e da ´civilização´. No Brasil, confundimos ´cultura´ com ´civilização´ e ambas com refinamento, de modo que deixamos de problematizar certos costumes locais como o nepotismo, o poder como segredo, a condescendência, situando-os como costumes a serem automaticamente erradicados pelo advento civilizatório.

Não há dúvida de que boas instituições e leis engendram boas condutas, mas como estamos fartos de saber, nem sempre o governo esperado, o partido político que traria a utopia, o regime mais ´civilizado´ se vê livre dos velhos costumes que insistentemente retornam.Não se deve inventar a roda, mas os processos de mudança efetivos só ocorrem quando algo de dentro se combina com alguma coisa de fora. Por exemplo: uma economia globalizada, dinamizada por técnicas que demandam transparência, pressiona hábitos sociais implícitos - por exemplo, o nepotismo, a condescendência e o segredo como apanágio do poder, tornando-os discutíveis e promovendo sua transformação.

Como é possível saber instantaneamente todos os meus telefonemas e não saber quanto o prefeito da minha cidade gasta com seus assessores?Se adotamos a racionalidade como centro do gerenciamento público, como calar diante de um governador que leva a sogra numa viajem para o exterior num avião fretado, a pedido de sua jovem esposa? Seria o retorno um sintoma de imutabilidade? Penso que não. Mas isso não significa que é fácil substituir hábitos tidos como naturais por outros, vistos como mais práticos ou racionais.Um caso de desentendimento cultural exemplar foi o da Fordlândia.

Vale relembrá-lo neste momento em que a agressão à floresta amazônica e aos seus habitantes tradicionais fazem a mídia. Ademais, ele é instrutivo, porque ocorreu num contexto geral de promoção do progresso econômico, dentro de uma motivação industrial e não política ou ideológica.No fim da década de 1920, o magnata Henry Ford, decidiu ser auto-suficiente em matéria de borracha. Implantou, na região do Rio Tapajós, em plena Amazônia, numa área de 10 mil quilômetros quadrados, a Fordlândia. Ali, a floresta amazônica e seus habitantes foram submetidos aos meios de produção cultural de Detroit. Em plena mata, surgiu uma comunidade na qual os prédios principais eram a biblioteca, o hospital e um campo de golfe, não a igreja ou o palácio do governo. Tal como na Ford, todos foram obrigados a usar um distintivo de identidade.

A jornada de trabalho, que era marcada pela coleta do látex e não por hora, passou a ser de como a da fábrica: de 9 às 5. Se os automóveis Ford saíam de esteiras, as seringueiras que produziriam a borracha seriam plantadas em linhas, não em blocos, como seria desejável. A invenção de um espaço ideal - estilo Brasília, cidade para uma sociedade sem classes - levou a imaginar uma comunidade do meio-oeste americano: monogâmica, sem álcool ou fumo (estávamos em plena lei seca americana que durou de 1920 a 1933), mas com clubes de leitura de poesia e de canto que substituíam as festas locais.O extremo, porém, ocorreu na comida. Banida a comida amazônica - peixes, pirões e caldos -, comia-se não em pratos, mas em bandejões que individualizam o alimento, alface, tomate, batatas, ervilhas e, principalmente, espinafre.

Servida sem sal ou ´tempero´; sem a vestimenta de ´pratos´ e comensalidade, a comida foi o ponto de partida para uma violenta revolta dos operários. Rebelião pelo gosto e pelos costumes, não pelo horário de trabalho ou salário.A revelar que a ´cultura´, quando mexida de fora para dentro em pontos sensíveis (mas insuspeitos), adquire realidade e poder. Aquilo que para os engenheiros da Ford era um exemplo de refinamento e racionalidade, tornou-se para os trabalhadores locais um explosivo traço de intolerável humilhação. Afinal, como diz o velho ditado, nem só de economia, digo, de pão vive o homem.

Texto publicado no jornal Diário do Nordeste - 14/05/2008
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=537297

terça-feira, 10 de junho de 2008

QUE BRASIL É ESSE?



Conforme estamos acompanhando estes últimos dias pela mídia televisiva, em Salvador na na Penitenciária Lemos Brito, na Bahia aconteceu algo no mínimo inédito no planeta terra.

Um detento de apelido "perna" tinha algumas relaias que nem eu que trabalho todos os dias os dois espedientes e até mesmo os finais de semana tenho.


Ao chegar a PF (Polícia Federal para executar o mandato de prisão ao "preso" depararam com uma plaquinha tímida mas bem notória uma mensagem que era para todos, inclusive o diretor do presídio.


"NÃO ENCOMODE. ESTOU COM VISITA"


Simplesmente perfeito, para uma pessoa muito ocupada como ele e que tem muitos compromissos em sua agenda cheia de visitas íntimas de personalidades da sociedade local como: mulheres de programa, advogadas, amigos em horários que não seriam possíveis a outro preso.


Em seguida os policiais pediram a chave da cela do "empresário traficante" e o carcereiro simplesmente disse que ficava sempre com o preso, é ou não é uma vida que todo marginal sonha em ter. Continua a executar seus crimes mas com a asa do estado cobrindo todas as despesas e protegendo o "empresário-traficante", isso dá um zoom profundo em nosso sistema judiciário que não existe, não faz valer sua ordem e muito menos o seu respeito.


Vou agora listar o que foi encontrado na "Casa-cela" do empresário:


R$280.000,00 (sim, duzentos e oitenta mil reais) em dinheiro vivo;

• aparelho de ginástica;

• geladeira duplex fartamente abastecida (com energéticos e cervejas);

• duas pistolas 9 milímetros;

• lista com nomes de pessoas marcadas para morrer;

• TV e DVD;


Isso é apenas um pouco que o coitado tinha em sua residência ou cela, perdão!

Chegamos ao ponto de um diretor de um presídio brasileiro concordar com uma situação destas no sistema carcerário, não temos um 1% de noção do que acontece em nossos presídios e peneteciárias, somente algo que explode e chega aos ouvidos da mídia.


Depois tem gente que chega a estudar 12 anos, passa sua vida toda pagando os impostos e não tem seu direitos garantidos. É realmente de se lamentar e orar apenas.


Só a critério de informação, cada preso no Brasil custa em média R$1.300,00. Lá, cada um custa cerca de R$4.000,00 (os que estão em regime disciplinar diferenciado, o popular RDD).É o preço que a sociedade tem que pagar para mantê-los longe das ruas.


Abraços e até a próxima!

Mailton Mendonça


segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Você sabe com quem está falando?"


Se no Brasil as filas são longas (de banco então, nem se fala...), os furadores-de-fila são proporcionalmente numerosos e especializados. Não interessa saber com quem se fala de quem o outro é filho ou entender aquele brasão de alguma-coisa-federal. Zé Ninguém morreu na fila e sem saber de nada, coitado. Não adianta Sérgio Buarque de Hollanda elucidar as Raízes do Brasil, se os galhos ainda são os mesmos. Ou alguém acha que Pedro Álvares Cabral pegou fila pra entrar na caravela? ( sim! Até naquela época se valia pelo o que tinha ou era!).
Então li uma notícia que me lembrou, meu caro "amigo" Sergio Buarque de Hollanda
Marta Suplicy, em viagem à França, resolveu que também ela tinha o direito de não enfrentar a fila para ter sua bagagem checada no aeroporto, ainda no Brasil. Afinal, ela é a Ministra do Turismo, minha gente!Entretanto, essa história teve final feliz: o comandante se recusou a decolar sem que a bagagem da ex-prefeita fosse checada, diante do protesto de outros passageiros. Viva o bom senso!
Inara Brito

Como dar um jeito no jeitinho brasileiro?

O jeito, ou o jeitinho brasileiro, é a imposição do conveniente sobre o certo. É a "filosofia" do: se dá certo é certo; desde, é claro, que "dar certo" signifique "resolver um problema", ainda que não definitivamente. Assim é o brasileiro: dá jeito em tudo. Sua versatilidade abrange um sem-número de situações: é o pára-lama do carro amarrado, em vez de soldar; são os juros embutidos no valor da prestação "fixa"; é o "dar um por fora"; é matar a avó pela quinta vez para justificar a ausência a uma prova, na escola. Mas o jeitinho é também pedir a um médico amigo para atender uma pessoa carente ou para fazer uma cirurgia pela Previdência; é o revezamento dos vizinhos para socorrer uma pessoa doente; é conseguir um emprego para um pai desempregado. O dilema está lançado! Que dizer, então, do jeitinho? Podemos fazer uso dele para resolver as questões do dia-a-dia? Será que todo jeito é desmoralizante, ilegal, burlador, inconveniente? Ou será que ele também pode ser criativo, solidário, benevolente? É esta discussão que eu lhe convido e desafio a participar.

Jessica Martins Fernandes

Jogo de interesses

Caros. vejam matéria muito interessante publicada no jornal O povo de domingo, 08 de junho de 2008. caderno Politica. O jogo de interesses reflete um " toma lá da cá" do sistema politico brasileiro.
Quem quiser uma boa discussão sobre o assunto poder ler os textos de José de Souza Martins no livro O poder do Atraso.

Política
JOGO DE INTERESSES
Apoio em coligações vira moeda de troca
Nas eleições, o apoio partidário tem como pano de fundo a troca de benefícios em pleitos futuros e a distribuição de cargos, o que tornam os critérios para alianças ainda mais subjetivos



Elas não têm função direta no voto dos eleitores de Fortaleza, mas são as alianças que garantem a estrutura política, partidária e financeira para engatar as candidaturas. Um dos principais cabeças do arco de aliança de Luizianne Lins (PT) pela reeleição em Fortaleza, o presidente estadual do PMDB, Eunício Oliveira, sustenta que a opção pelo apoio à petista vem desde 2004, na primeira campanha da atual prefeita. Mesmo que o partido tenha saído com candidato próprio, Aloísio Carvalho, e, no segundo turno, a chapa petista tenha declarado rejeição à adesão peemedebista. O motivo do confronto com a petista, quatro anos atrás, segundo Eunício, teria sido o ex-prefeito Juraci Magalhães (então PMDB, hoje PR). "Nós tínhamos o partido comandado pelo ex-prefeito Juraci Magalhães. Apoiei Aloísio por uma questão partidária. Ele (Juraci) lançou um candidato, mas o abandonou no meio do caminho. Em função desse abandono, ele foi obrigado a deixar o PMDB, que já apoiava o presidente Lula", explicou Eunício. A rivalidade de 2004 gerou o distanciamento do PMDB dos cargos administrativos da Prefeitura. Este ano promete ser diferente, caso Luizianne se reeleja. "Neste primeiro mandato, o PMDB não tinha legitimidade para participar, mas agora o partido está apoiando Luizianne", destaca Eunício. "Não há nenhuma insatisfação. Pelo contrário. Não apoiamos pelo projeto de poder, mas pelo projeto para Fortaleza. Não fiz acordo para isso ou aquilo", garantiu Eunício, que, mesmo afirmando isso, fechou acordo com o PT pelo apoio à sua candidatura ao Senado Federal em 2010. "Nós não discutimos nenhuma participação no governo, mas sim no campo da política. Em 2010, o PMDB quer a contrapartida do apoio na chapa majoritária. Foi uma discussão programática, não pragmática", assegura o peemedebista. Âmbito nacional O secretário-geral do PT, Antônio Carlos de Freitas, destacou que a coligação pela reeleição petista está pautada nas relações políticas do partido em âmbito nacional. "Não é uma aliança baseada em interesses menores ou locais. Alianças que se dão dentro da política paroquial: 'eu te apóio aqui, você me apóia ali'. Não temos uma pretensão meramente hegemonista", argumentou Antônio. O petista garante que a composição com o PMDB, assim como com demais partidos que fizeram oposição ao PT nas eleições passadas, sofreu modificações internas, aproximando-se das orientações petistas nas eleições. "O PMDB participa do governo Lula, dá sustentação na Câmara Federal e isso teve influência nas composições locais". (Marcela Belchior)
Link: http://www.opovo.com.br/opovo/politica/794948.html

domingo, 8 de junho de 2008

A normalidade da malandragem.

Um dia desses eu estava assistindo ao CQC (programa jornalístico/humorístico da band) e tava passando uma matéria em forma de pegadinha. Consistia no seguinte: O apresentador deixava um celular no meio da calçada e ficava filmando de longe para ver quem pegava. Assim que a pessoa pegava o celular, eles ligavam para aquele número e diziam que tinham perdido aquele celular e que gostaria de saber onde a pessoa estava para devolvê-lo.
Eu diria que a matéria foi ilária (coisa que eu não deveria achar diante da gravidade da situação) pois a grande maioria das pessoas mentiam o lugar onde estavam para não devolverem o celular. Eis alguns exemplos:

Repórter: Boa tarde, é porque eu perdi este celular, a gente poderia marcar um canto pra você me devolver?
Vítima1: Cara, eu ja estou na Av. Paulista, de carro em um engarrafamento enorme. Você pode ligar depois para eu te devolver? (Ele estava a pé, do outro lado da rua que a equipe de reportagem estava)

Vitima2: Este celular é meu, eu o comprei semana passada, deve ter acontecido algum problema com o número que está vindo pro meu.

E a mais bizarra:
Uma mulher pegou o celular e colocou no bolso. A equipe ligou e ela nao atendeu, daí a equipe foi ao local que ela tinha entrado(o cabelereiro onde ela tranalhava) e falaram, mais ou menos, assim:

Repórter: Boa tarde, a senhora acha que o povo brasileiro é um povo honesto?
Mulher: Depende da situação, mas eu acho que em geral sim.
R: É porque a gente perdeu um celular, a senhora não o viu?
M: Não.
R: A senhora tem certeza que não viu? Porque nós estamos fazendo uma matéria sobre a honestidade do povo brasileiro e deixamos um celular no chão para ver se a pessoa que encontrasse devolvia ou não o celular.
M: Pois eu não achei não.
R: Mas a gente viu você pegando, olhe aqui as imagens.
(Mostraram na camera ela pegando o celular)
M: Não sou eu, não.
R: Como assim não? Está aqui a prova!
Amiga da Mulher: Risos, vocês estão fazendo este teste no país errado.
M: Pois é, não sou eu não. E achado não é roubado.

Resumindo a história:
Eles tiveram que chamar um policial, mostraram as imagens pra ele e obrigaram ela a devolver.

Ai eu pergunto... Onde a gente vai parar?Como é que um povo cobra a honestidade de um político se nem ele mesmo é? E destaco uma expressão exitente na cena: "vocês estão fazendo este teste no país errado.". Até o povo sabe que todos são desonestos. Concluindo.. O brasileiro é malandro, se acostumou com a malandragem a ponto de achar que isso é normal. E o pior, é que se eu fizer uma pergunta a você caro leitor, talvez você hesite na resposta.
Você devolveria?


Everardo Filho

quarta-feira, 4 de junho de 2008

PÚBLICO OU PRIVADO ESSA É A QUESTÃO!

FOTO MERAMENTE ILUSTRATIVA PARA MOSTRAR OUTRO CASO DE
DESCASO COM O CIDADÃO BRASILEIRO.


Em relação ao trabalho tenho uma opinião sobre o assunto que envolve o que é público e o que chega a ser privado, pois há uma confusão na cabeça de umas pessoas que não sabem limitar onde acaba o privado e começa o público.

Estava eu na SEFIN – Secretaria de Finanças da Prefeitura de Fortaleza, no Centro da Cidade, querendo uma 2ª via do IPTU, como sempre quase ninguém para atender no horário de 16h10minh da tarde de “terça-feira” última, fila única para 08 guichês de atendimento para o serviço e estranhei que somente uma pessoa estava atendendo aquela fila, então desfere aquela pesada pergunta ao atendente:



- Por favor irmão, neste horário só funciona um guichê?
O mesmo respondeu um pouco revoltado:
- Não, são 8 pessoas para atender, mas está na “hora do cigarro”, respondeu o solitário servidor da prefeitura. Ele explicou que nesse horário de 16h quem fuma vai para a calçada da repartição fumar “quantos cigarros quiser e bater papo com os outros fumantes”.

Não me lembro em nenhuma passagem este tipo de “direito” ao servidor, já presenciei café, lanche, almoço, descanso, que todos estes citados também eles fazem com certeza, então amigo fico me perguntando, será que estou pedindo demais por minha parte ou estou com meus direitos roubados por falta de consciência dos amigos servidores, que não se constrangem perante uma situação desta de ter 12 pessoas em uma fila e só um atendente não fumante trabalhando enquanto eles os fumantes, conversão e se deliciam com seu vício cancerígeno.

Onde fica o direito de um bom atendimento e começa o privilégio de mais um tempo de “pausa” no trabalho. Caros amigos acham que eles não tiram todos os intervalos citados antes no seu expediente? Já sei sua resposta.
Por isso que o sonho de muitos é passar em um concurso público destes!

Abraço e até a próxima!
Mailton Mendonça

A diferença entre "a Casa, a Rua e o Trabalho" segundo Roberto DaMatta

A Casa

A casa e a rua é um ciclo, nela é feita uma rotina feita por todos. Casa: Lugar da calma, tranqüilidade, lar e morada. Constituído de pessoas iguais. A idéia de um destino em conjunto, com objetos e valores vem da tradição. É protegido com honra, com o cuidado dos bens e seus membros. Não se trata apenas de lugar físico e sim Moral e este fala mais alto. A casa lugar de amor filial e familial está sempre de portas abertas para aquelas pessoas queridas. Cada uma revela sua personalidade, e mesmo aquelas que são iguais, são diferentes pelo valor cada um damos a ela. Não contém apenas pessoas do mesmo sangue, tem sempre aquele agregado que vem de longe ou uma amigo em dificuldade e etc. Casa, algo de terrível contraste com prisões, pensões, hotéis etc. Onde nada é seu. Nela temos tudo, somos alguém reconhecido, temos respeito, em casa temos um mundo á parte. Onde o tempo não se mede pelo relógio e sim pelo envelhecimento das coisas.

A Rua

Rua: Lugar de movimento, mas também de lazer, luta, competição, anonimato, individualidade. Em casa somos: Gente, nossa Gente. Na rua somos: Povo, Massa. Rua: lugar onde o tempo é medido pelo relógio e a casa de malandros. Não há teoricamente respeito, amor, nem amizade como no calor da nossa família e nosso lar. Ninguém nos respeita como pessoa ou gente. Insegurança ao sair de casa, e se aventurar na selva. A casa e a rua são o mesmo lado de uma moeda, o que não se pode ter em casa tem na rua (sexo e trabalho). Tudo da rua é ruim, comida, conflito, mulheres, crianças. Quem é da rua não ninguém e quem manda não é mais o pai ou mãe e sim a autoridade.

O Trabalho

Famoso “batente”, “ralação”, “pesado”. Não se deve levar trabalho pra casa.Na antiguidade o trabalho era dado como castigo e até hoje no Brasil é tratado como horror. Nosso panteão de Heróis oscila entre o malandro (vive na rua e ganha dinheiro fácil sem nenhum esforço), o santo (larga o trabalho pra viver em função do outro) e o Caxias (cumpridor de leis que obriga os outros a trabalhar). Até um dia desses havia escravo e hoje o patrão ainda é lembrado como um explorador de trabalho. Nós misturamos o trabalho com laços de amizade e simpatia o que confunde o empregado e dá todo controle ao patrão. Exemplo disso é as empregada domésticas que lembras as escravas trabalhando nas casas de seus senhores. Casa e rua são mais que locais físicos, são espaços para julgar decidir, pessoas, relações. O que sai do trabalho não pode entrar em casa.

“que não temos a glorificação do trabalhador, nem a idéia de que a rua e o trabalho são locais onde se pode honestamente enriquecer e ganhar dignidade”.

Inara Brito

segunda-feira, 2 de junho de 2008

ABUSO DE AUTORIDADE NO FUTEBOL












Como vimos no último domingo dia 01/junho/2008, tivemos um episódio concreto de abuso de autoridade sobre um cidadão, no caso o jogador de futebol André Luis do Botafogo, foi um oportunidade das "autoridade" refletirem sobre o comportamento de seus servidores, pois trata-se de uma das cenas mais impressionantes que já vi, não me recordo de ter testemunhado algo desta natureza no futebol mundial.
Ao rever as imagens do jogo Botafogo x Náutico no estádio do Aflitos em Recife, em que o zagueiro do time alvinegro (André Luis), com uma infelicidade extrema fez gestos obscenos a torcida adversária do Náutico, não estou aqui justificando ou até mesmo aprovando o ato, mesmo por que se trata de um profissional que se prepara para este tipo de enfretamento perante a torcida rival, e em momento algum teria o direito de fazer o que fez, mas por sua atitude infantil, chego a classificar, o mesmo foi preso por uma equipe de policiamento totalmente disprerada e acima de tudo colocando a emoção no domínio de sua tarefa que é de colocar ordem no local.


A policial que não sei o nome foi envolvida por uma atitude que não era necessário com o cidadão que quebrou uma "regra" e se viu em um dilema naquela ocasião, se não fizesse valer sua "autoridade" seria mais tarde motivo de gozações por parte de sua equipe pois ela era uma das que "comandavam" o pelotão no dia do jogo. Então em seguida a sua opção de ação deu voz de prisão ao atleta ainda no campo, e pediu para seus liderados imobilizarem e arrastarem o atleta ao juizado que fica no próprio estádio, na hora que passavam com o acusado, o presidente do Batafogo (Bebeto) foi pedir para soltar seu jogador e também foi dado voz de prisão ao dirigente que também foi conduzido ao promotor na ocasião.


É lamentável que isto tenha acontecido no país do futebol, mas há males que vem para o bem, pois desta ocasião serão discutidos e colocado em pauta o trabalho da polícia no estádios e outros lugares, porque se pararmos um pouco e analisarmos não precisava de tanta confusão, conflito e o mais grave o constrangimento que passou aquele rapaz que foi visto ali como um marginal que tivera efetuado um crime bárbaro.
Agora a mídia tomará conta do episódio e depois de duas semanas cairá no esquecimento coletivo. Bem meus amigos devemos sim falar bastante sobre isso e levar este caso além das reportagens, o que aconteceu ali ao vivo para todo o Brasil, acontece todos os dias com nossa sociedade, pois nossos policiais não têm nenhum preparo para situações diferenciadas no cotidiano de seu trabalho que é garantir a leis do estado, leva sua supremacia da autoridade ao mais alto nível, esquecendo totalmente os direitos dos cidadãos.


Pergunto a vocês quem não já viu um caso desse em seu bairro?
Acredito que sim e se não agradeça à Deus pois você já mora no paraíso.
Fica aqui somente um comentário de um estudante de publicidade que acredita em um país que chegará um dia a ter uma sociedade com os direitos não digo iguais para todos, pois seria um utopia da minha parte, mais melhor condições de convívio perante as classes mais sofridas e carentes. Um dia Brasil melhor para todos!

Mailton Mendonça

Carmem Miranda e a imagem do Brasil

Vejam importante matéria publicada no domingo, 01 de junho no caderno Vida & arte do Jornal O Povo.Traz uma análise da contribuiçao de Carmem Miranda para a construção da imagem do Brasil no exterior.

ARTIGO
Exportação.br
Alessander Kerber especial para O POVO
link:
http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/793217.html

O pesquisador Alessander Kerber demonstra como Carmen Miranda contribuiu com a difusão de um Brasil exótico em meados do século XX.

Numa pesquisa de opinião pública realizada nos anos 1980, na Inglaterra, ao serem solicitados a indicar três coisas que poderiam ser associadas ao Brasil, uma das respostas mais freqüentes dos entrevistados foi Carmen Miranda. Tendo passado mais de 70 anos do início das turnês internacionais desta cantora e mais de meio século de seu falecimento, a imagem do Brasil construída por ela e vendida internacionalmente continua sendo uma das principais referências mundiais acerca da nossa nação. Carmen foi a cantora brasileira mais famosa dos anos 1930. Só para citar um exemplo deste sucesso, a música Tahi, lançada em 1930, vendeu 35 mil cópias em discos. Foi a maior vendagem da história do Brasil até aquele momento, quando músicas de carnaval de grande aceitação vendiam em torno de 5 mil. Importante destacar que Carmen foi a mais famosa artista brasileira em um momento privilegiado para que se tornasse símbolo nacional. A década de 1930 marca um momento de transformação na relação entre o Estado e a sociedade, especificamente com os segmentos populares.

Desde a Revolução de 1930, que coincide com a "explosão" de sucesso de Carmen, o Estado passou a estabelecer políticas de concessões aos segmentos populares da população. Entre estas concessões, destacam-se, em nível material, as leis trabalhistas, e em nível cultural, a ênfase na reconstrução de uma versão sobre a identidade nacional brasileira, na qual os elementos étnicos negro e mestiço passaram a ser valorizados pela política oficial. A figura da baiana, criada por Carmen, combina com a proposta de nação mestiça, especialmente entre a negra e a branca, que nela se fundem harmoniosamente, como propunha, na época, Gilberto Freyre. O pano da Costa, lembrando a herança africana, o Bonfim, que lembrava o candomblé, logo após o rosário de ouro, que lembrava a Igreja Católica. Enfim, a baiana seria uma representação que expressaria essa forma de síntese do Brasil. Uma síntese harmônica que representava as camadas populares brasileiras em convívio pacífico com as elites, diferentemente da figura do malandro, figura também muito presente no imaginário da época.

Parece ter havido uma resposta positiva no Rio de Janeiro e em diversas partes do país em relação à baiana que Carmen criara, tanto é que foi uma das figuras mais usadas no carnaval seguinte. O sucesso internacional da figura de baiana de Carmen foi um elemento que influenciou na legitimação desta como símbolo nacional. Porém, se não tivesse aceitação dentro do próprio país, ela não teria como se afirmar como nacional. Em nível internacional, também Carmen Miranda esteve em um contexto propício. O período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial é tido como momento de máxima afirmação dos nacionalismos em todo o mundo. Havia uma curiosidade internacional acerca das representações de cada nação e pouca ou nenhuma informação presente no imaginário social sobre diversos países. Coincidindo com o interesse internacional sobre as nações, houve a "Política de Boa Vizinhança", a nova relação internacional estabelecida a partir dos anos 30 entre os Estados Unidos e os países da América Latina na perspectiva de trocas culturais. Na prática, estas trocas foram, em sua maioria, uma via de mão única, de lá para cá. Carmen Miranda foi uma das poucas figuras a percorrer o sentido contrário.

Em 1939, Carmen foi descoberta pelo empresário norte-americano Lee Schubert e convidada a se apresentar nos Estados Unidos. Ela demonstrou interesse e declarou: "Todos os meus esforços concentram-se, pois, num objetivo: tirar partido disso, lançando de verdade a música brasileira nos Estados Unidos, como já fiz nas repúblicas platinas [...] Mostrar ao povo de lá o que é o Brasil na realidade, pois como você sabe, o juízo formado ainda é muito falso". A questão da "realidade" sobre o Brasil estava muito presente naquela época, sendo que as representações do país se confundiam com as do resto da América Latina. O Brasil, para se afirmar como nação, tinha que dela se diferenciar. Havia a tendência a transformar a América Latina numa unidade indistinta em suas manifestações culturais. O caso de Carmen Miranda foi, talvez, o ápice da concretização do que o imaginário de amplos setores da população brasileira esperava para demarcar a sua nacionalidade e justificar o valor de sua nação: sua maior cantora estaria entre as grandes nações do mundo, afirmando e demarcando a identidade nacional brasileira. Contudo, ao contrário do que ela possivelmente esperava, as informações que chegaram ao Brasil fizeram com que muitos se irritassem com sua atuação, questionando sua brasilidade e chamando a de "americanizada".

Quando voltou ao nosso país, em 1940, após o grande sucesso obtido nos Estados Unidos, em um show no Cassino da Urca, Carmen Miranda foi recebida com frieza. A palavra "cancelado" estava escrita em todos os cartazes do espetáculo. Sua resposta àquela má recepção veio em forma de canções. A mais clássica foi Disseram que voltei americanizada. Nela, ela defendia a sua nacionalidade a partir de uma série de metáforas, como a batucada, a língua portuguesa em detrimento da inglesa e o ensopadinho com chuchu, sem dúvida um prato que lembrava a cultura popular carioca. No mesmo ano, ela voltou para os Estados Unidos, onde se tornou a artista mais bem paga de Hollywood, atuando em uma série de filmes e retornando ao Brasil apenas pouco antes de seu falecimento, em 1955. Alessander Kerber é doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com a tese Representações das identidades nacionais argentina e brasileira nas canções interpretadas por Carlos Gardel e Carmen Miranda (1917-1940

domingo, 1 de junho de 2008

Raizes do Brasil - Documentário

Para quem aprecia a obra de Sérgio Buaque de Holanda.
Trechos do documentário: Raizes do Brasil