quarta-feira, 4 de junho de 2008

A diferença entre "a Casa, a Rua e o Trabalho" segundo Roberto DaMatta

A Casa

A casa e a rua é um ciclo, nela é feita uma rotina feita por todos. Casa: Lugar da calma, tranqüilidade, lar e morada. Constituído de pessoas iguais. A idéia de um destino em conjunto, com objetos e valores vem da tradição. É protegido com honra, com o cuidado dos bens e seus membros. Não se trata apenas de lugar físico e sim Moral e este fala mais alto. A casa lugar de amor filial e familial está sempre de portas abertas para aquelas pessoas queridas. Cada uma revela sua personalidade, e mesmo aquelas que são iguais, são diferentes pelo valor cada um damos a ela. Não contém apenas pessoas do mesmo sangue, tem sempre aquele agregado que vem de longe ou uma amigo em dificuldade e etc. Casa, algo de terrível contraste com prisões, pensões, hotéis etc. Onde nada é seu. Nela temos tudo, somos alguém reconhecido, temos respeito, em casa temos um mundo á parte. Onde o tempo não se mede pelo relógio e sim pelo envelhecimento das coisas.

A Rua

Rua: Lugar de movimento, mas também de lazer, luta, competição, anonimato, individualidade. Em casa somos: Gente, nossa Gente. Na rua somos: Povo, Massa. Rua: lugar onde o tempo é medido pelo relógio e a casa de malandros. Não há teoricamente respeito, amor, nem amizade como no calor da nossa família e nosso lar. Ninguém nos respeita como pessoa ou gente. Insegurança ao sair de casa, e se aventurar na selva. A casa e a rua são o mesmo lado de uma moeda, o que não se pode ter em casa tem na rua (sexo e trabalho). Tudo da rua é ruim, comida, conflito, mulheres, crianças. Quem é da rua não ninguém e quem manda não é mais o pai ou mãe e sim a autoridade.

O Trabalho

Famoso “batente”, “ralação”, “pesado”. Não se deve levar trabalho pra casa.Na antiguidade o trabalho era dado como castigo e até hoje no Brasil é tratado como horror. Nosso panteão de Heróis oscila entre o malandro (vive na rua e ganha dinheiro fácil sem nenhum esforço), o santo (larga o trabalho pra viver em função do outro) e o Caxias (cumpridor de leis que obriga os outros a trabalhar). Até um dia desses havia escravo e hoje o patrão ainda é lembrado como um explorador de trabalho. Nós misturamos o trabalho com laços de amizade e simpatia o que confunde o empregado e dá todo controle ao patrão. Exemplo disso é as empregada domésticas que lembras as escravas trabalhando nas casas de seus senhores. Casa e rua são mais que locais físicos, são espaços para julgar decidir, pessoas, relações. O que sai do trabalho não pode entrar em casa.

“que não temos a glorificação do trabalhador, nem a idéia de que a rua e o trabalho são locais onde se pode honestamente enriquecer e ganhar dignidade”.

Inara Brito

3 comentários:

Mistura Brasil disse...

Este é um dos temas de discussão presentes na obra de Roberto Damatta. Tanto em " A Casa e a Rua", quanto em o que faz o brasil, Brasil, Dammata olha nossa sociedade a partir da construção de algumas tipologias. Essas refletem, na visao do autor, o caráter brasileiro.
Prof. Eduardo Neto

Eder Chavante disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

que merda!!!